20 de set. de 2010
Entrevista com Cleber Rabelo - PSTU.
BLOG - Qual o maior problema do Estado do Pará? E como o sr. pretende enfrentá-lo?
C.R - Nós temos discutido no nosso partido como eixo de campanha a questão da moradia. Este tema é central no Pará. Segundo um levantamento de 2007 do ministério das cidades, 1 milhão e 400 mil pessoas moram em áreas de ocupação, em um estado com pouco mais de 7,5 milhões de habitantes, isso é inaceitável. É uma coisa que não dá pra entender. O Pará esta engatinhando ainda na resolução deste problema, mas nesse ritmo não vai resolver nunca, e esse é um dado fundamental, porque o bem maior que um trabalhador pode conquistar é o teto que provém para sua família, hoje não temos acesso a isso.
Além disso, através de um forte programa de construção de casas populares o governo ajudaria a criar muitos empregos, o setor da construção civil emprega muitos trabalhadores, queremos dar um salto na luta contra o déficit habitacional e ao mesmo tempo diminuir o desemprego, que também é um problema sério no nosso estado, grande parte nem consegue trabalho, emprego então, fica ainda mais distante, além disso, o desemprego puxa os salários para baixo, para os patrões é ótimo, pois quem esta trabalhando sabe que pode ser substituído a qualquer tempo sem dificuldades.
BLOG - O desemprego é um problema brasileiro, quais as medidas que tomará para minimizá-lo ?
C.R - Vamos realizar um grande plano de obras públicas, que dê emprego a quem precisa, a construção civil é um setor industrial que emprega mão-de-obra maciçamente, infelizmente o mercado cada vez mais impõe o desemprego crônico aos trabalhadores, essa é uma forma eficaz de controlar os salários, criando um ambiente de medo entre os trabalhadores que estão empregados.
Outras medidas importantes são a ampliação e fortalecimento das escolas técnicas. Quem hoje houve falar na escola técnica estadual? O governo do PSDB sucateou de tal forma que os estudantes tinham vergonha de dizer que estudavam lá, o atual governo simplesmente abandonou o ensino técnico na escola, precisamos mais do que nunca de trabalhadores bem preparados para valorizar sua mão-de-obra e fortalecer a produção no estado, mas ambos os governos fizeram o contrário. Além disso, também vamos reestatizar as empresas que foram vendidas no governo tucano, a exemplo da Celpa, que demitiu muitos trabalhadores, e super- explora os trabalhadores que ficaram.
BLOG - A segurança pública é uma grande preocupação da população paraense, quais são seus projetos nesta área ?
C.R - Todos os governos que passaram até aqui tratam o problema da falta de segurança da mesma forma, colocam mais policiais, aumentam as cadeias e a violência continua crescendo. Se continuar assim, a situação só vai piorar. Se a juventude não tem emprego, se as escolas estão jogadas às baratas é claro que muitos vão virar bandidos. E não adianta encher as ruas de policiais armados, e não é por culpa deles. Por isso, defendemos a unificação entre policia militar e civil em uma policia que esteja a serviço das comunidades, que possa junto com a população ajudar a resolver o problema e não ser parte dele. Defendemos que os policiais tenham direito de se organizar em sindicatos, por exemplo.
Só é possível vencer este problema, vencendo o problema do desemprego entre os jovens e investindo maciçamente em educação. E isso, por sua vez, só será possível se lutarmos para que as grandes empresas, principalmente exportadoras, diminuam uma parte dos seus lucros que vem dos incentivos fiscais. Passaremos assim, a ter mais recursos para a educação e saúde. É necessário entender que investir nas áreas sociais, como saúde e educação diminuem as possibilidades de desenvolvimento do germe que gera tanta violência. Se tratarmos esse problema como algo isolado, não vamos sair dessa situação. Pelo contrário, é preciso tratar o problema da violência como um problema estrutural crônico da sociedade capitalista moderna, em pesquisa publicada recentemente a UNESCO chamou a atual geração de jovens no mundo de “geração perdida”. Nós queremos mudar essa realidade.
BLOG - Vira e meche a divisão do estado do Pará volta a ser tema, qual sua opinião sobre esse assunto?
C.R - Somos contra a divisão, pois esta é mais uma medida para enganar o povo, as oligarquias locais querem aumentar o seu poder em relação à capital. Eles se utilizam do discurso de que os problemas enfrentados no interior são fruto da dimensão territorial do estado e que dividir seria a melhor saída para resolver os problemas. Nós pensamos que esta é uma medida que trás mais ônus do que bônus, já que vamos criar vários outras estruturas estatais para consumir o dinheiro público e que vai continuar sem atender a população de forma digna, já que vai direto para as mãos daqueles que sempre mandaram e desmandaram nestas regiões e não mudaram a vida do povo.
BLOG - O que você destacaria como mérito pessoal, que lhe diferencia dos outros candidatos ?
C.R - Acho difícil destacar qualidades em mim mesmo, acredito que meu principal mérito e do meu partido é acreditar na força do povo e da nossa classe, ao contrário de todos os outros, não me vejo como o salvador da pátria. Se nos elegermos isso pode ajudar, mas é a luta coletiva dos trabalhadores da cidade e do campo que vai resolver nossos principais problemas. Acreditar nessa luta é o que temos de melhor.
BLOG - A saúde sempre precisa de investimentos, quais são seus projetos neste setor?
C.R - Primeiro, é preciso dizer que a saúde hoje tanto para o governo federal, quanto aqui no estado se tornou uma mercadoria. Existem pessoas sem nenhum escrúpulo jogando com a vida das pessoas para ganhar dinheiro. Hoje a maioria dos hospitais particulares põe no seu estatuto que são entidades filantrópicas sem fins lucrativos. Mas veja só o que eles são de fato, a saúde é um grande negócio, isso é incentivado pelo governo, pois quando o PSDB construiu os hospitais regionais eles já repassaram imediatamente para mantenedoras privadas, que os utilizam acordo com suas próprias necessidades. O governo do PT não mudou isso, pelo contrário, continuou com a política de repasse do dinheiro público para a saúde privada.
Queremos acabar com isso. A saúde das pessoas não é uma mercadoria, com a qual se pode brincar, é preciso mudar radicalmente essa lógica, nós queremos dobrar o orçamento da saúde. Mas as pessoas me perguntam: Isso é possível? Pra gente o dinheiro existe, só que o governo deixa para empresas privadas realizarem os serviços que o estado deveria assumir, nós ao contrário iremos investir em hospitais públicos gerenciados pelo governo.
BLOG - A educação pode melhorar? De que forma pretende fazer isso?
C.R - Educação aqui no Pará é caso de polícia. Todos os governos que por aqui passaram são responsáveis pelo fato de termos hoje os piores índices na educação do país, temos um dos piores índices no ensino fundamental, um dos maiores índices de analfabetismo e um longo etc. E todos dizem sempre a mesma coisa: é preciso melhorar a educação, pois isso vai garantir o futuro do nosso estado. O problema é que PT, PSDB e PMDB querem mesmo é garantir seu próprio futuro, se alimentando da ignorância e da pobreza da maioria da população para se perpetuarem no poder, por isso nenhum deles tem uma resposta séria para o problema da educação.
Pra mudar essa situação é preciso investir massiçamente em educação. Para conseguir alcançar esse objetivo propomos, em primeiro lugar, a reestatização da Celpa centralmente, pois a empresa está entregue as baratas. Ano passado ela só não faliu porque o governo federal injetou dinheiro. A Celpa apodreceu depois da privatização, metade dos trabalhadores foram demitidos e os que ficaram foram submetidos a um ritmo de trabalho brutal, hoje o governo federal já é dono de 49 % das ações da CELPA, mas não quis reestatizar a empresa, com o lucro que ela tem hoje poderíamos fazer um investimento importante na área da educação e também com o fortalecimento e criação de outras empresas estatais.
BLOG - Qual será a grande obra física de seu governo caso se eleja, e porque?
C.R - Nossa grande obra na verdade será um conjunto de micro-obras, um grande plano de construção de habitações e de saneamento. Essas são as obras que a população de fato precisa, o Pará tem o maior déficit habitacional do país, as pessoas precisam de casa, ao mesmo tempo, nossas crianças morrem de doenças do século 19, principalmente em face a falta de saneamento, pois mais de 90 % da população não tem acesso a rede de esgoto.
Pra fazer isso, transformaremos fortaleceremos a COHAB e a COSANPA, transformaremos essas empresas no carro chefe da atuação de nosso governo, gerando emprego na construção das obras e na ampliação da rede de saneamento, pois 50 % das casas paraenses não tem água encanada.
BLOG - Se pudesse realizar um sonho pessoal, qual seria ele?
C.R - Meu grande sonho é um dia ver um mundo sem exploradores, sem pessoas se oportunizando da miséria do povo pra se beneficiar, essa é uma realidade distante, mas acredito que para mudar a realidade, primeiro é preciso sonhar, depois lutar com afinco para que nossos sonhos se tornem realidade, caso contrário, eles não servem para nada, poderia estar em um partido grande e tentar me dar bem na vida, mas penso em minha classe, penso nos trabalhadores pobres que sofrem todos os dias as humilhações do sistema e percebo que temos um trabalho muito mais audacioso.
BLOG - Porque a população deve lhe dar o voto?
C.R - Nós não achamos que só votar vai mudar a vida das pessoas, votar em nossa candidatura significa mais do que isso, significa não se dobrar as determinações dos poderosos, que dizem para a população votar em seus candidatos. Significa também votar em um projeto alternativo de sociedade, em um projeto socialista.
Pra isso serve nossa candidatura. Por isso, dizemos que votar em mim, assim como nos nossos outros candidatos é importante, mas também é importante se organizar e lutar, desde nossos locais de trabalho, sindicatos, associações de bairro, pois nós acreditamos que só essa atitude pode dar um futuro melhor pros filhos e netos dos trabalhadores de hoje. Só a luta muda a vida!
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Um comentário:
Parabens Cleber!
Defendendo os interesses dos trablhadores e trabalhadoras do Pará... Vamos pras cabeças!
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