Balão furado
Na defesa do indefensável é preciso agregar uma boa dose de ardil, sem falar na inesgotável capacidade de criar incidentes para levar ao limite extremo todas as brechas no labirinto jurídico. Diga-se, entretanto, que esse privilégio está sempre reservado aos que podem pagar - e pagar muito bem - ótimos advogados criminalistas.
Parece ser esse o caso do ex-deputado Luiz Afonso Sefer, eleito pelo DEM e atualmente filiado ao PP, processado pelo crime de abuso sexual contra uma criança de apenas 9 anos.
Mas nem sempre a esperteza processual resulta em ganhos duradouros. O tiro, muitas vezes, sai pela culatra e não serve para nada, ou, na melhor das hipóteses, serve apenas para adiar o inevitável.
A defesa de Sefer na audiência judicial realizada ontem (27), em Belém, buscou mudar os rumos da investigação trazendo uma suposta testemunha-bomba. Trata-se da irmã da adolescente violentada, ela própria vítima de abusos por parte do pai, com quem tem um filho fruto de incesto . A jovem de 17 anos insinuou que "talvez" sua irmã também tivesse sido vítima de abusos paternos. A intenção era clara: trazer para os autos um novo acusado, retirando o foco do médico e ex-parlamentar, aliás que encontra-se em plena e acintosa campanha para reconquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa no próximo ano.
A manobra foi prontamente rechaçada pela juíza da Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém, Maria das Graças Alfaia Fonseca, para quem o único réu no processo é mesmo Luiz Sefer, que não terá qualquer desculpa para não comparecer em juízo e prestar depoimento no próximo dia 7 de dezembro.
Após o recesso forense, lá pelo início de fevereiro, sairá a sentença. Espera-se que, sem choro nem vela, a decisão sirva para transmitir à sociedade que o uso e o abuso do poder econômico e político não deve ser mais instrumento de impunidade para quem quer que seja
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