23 de mai. de 2010
This is it
Quem viveu parte ou toda a adolescência nos anos 80 não tem como fugir de um nome; Michael Jackson.
E quem não era adolescente também não, ele estava em toda parte, em todas as casas.
Ele estava em todas as rádios, nos recém criados clips, nos telejornais, nas primeiras movimentações de artistas pela pobreza e desigualdade no mundo, em todas as revistas e jornais, nas camisetas, nos passos de dança das discotecas, nas jaquetas dos meninos da escola, nos posters das lojas de discos.
No começo do ano comprei This is it em Miami, e me esqueci de assistir. Lá o Wall Mart ocupava uma fileira inteira do DVD que trazia os ensaios de This is it, a anunciada última apresentação em palco do cantor, em Londres.
Ele morreu antes, 8 dias antes de partir para Londres onde faria os últimos ensaios no palco das 50 atrações já com bilhetes esgotados.
" É isso " apresenta o que ele preparava para mostrar ao mundo.
O DVD começa com depoimentos de bailarinos do mundo todo que foram escolhidos na audição que procurava os melhores para dividirem o palco com Jackson. Gente de todos os pontos do planeta, felizes e empolgados por dividirem o tablado com o rei do pop.
O show iniciaria com uma explosão de fogos e luzes, seguido de um vídeo " Recordações e Momentos". Em seguida um homem "iluminado" aparece flutuando sobre o palco, segurando um "planeta" e sobre ele mais imagens são refletidas.
Do homem iluminado sairá Michael Jackson e aí o show começaria.
As imagens são de câmeras utilizadas para o acervo do astro, em uma das imagens ele de terno muito alinhado, em outra de blazer prata e calça laranja, ambos mostram as danças e o ensaio do show.
Ali se vê um cara cheio de energia dançando. Uma hora ele pede mais "funck" na levada e faz isso de uma forma muito carinhosa.
A voz é a mesma de outrora, o rosto cada vez mais branco e o nariz cada vez menor.
" Eu vou cantar as canções que meu público quer ouvir. This is it é o último show antes de fechar as cortinas" diz ele na apresentação do espetáculo, tempos antes em Londres.
" Vejo vocês em julho", foi a última fala dele.
Enquanto isso ele ensaiava obstinadamente até julho chegar.
É ele o coreógrafo de todo o espetáculo, ele quem decide cada passo de dança, cada movimento.
Em computação gráfica 10 dançarinos com armadura se tornam 1100 e entram via telão no show, em Bad. O monstruoso telão seria parte importante do espetáculo.
É ele que dá o tom, os acordes das canções, ele que repassa com os músicos a entonação.
Ele que dá a batina no teclado, na bateria, os sons que seguem cada movimento seu de mãos, pernas, ombros, cabeça.
Um envolvimento total e imerso no que preparava para apresentar.
Michael tira o máximo dos músicos, pede, implora, exige, e diz " é sua hora de brilhar, você pode mais, estou aqui ao seu lado."
Perfeccionista é a palavra mais dita pelos músicos sobre ele; " ele conhece sua música de trás para frente, e sempre quer o melhor."
MJ também lembra que " a cada segundo um espaço correspondente a um campo de futebol é destruido na amazônia", mais uma vez retornando seu lado de envolvimento com as causas do mundo.
E a voz, é a mesma de sempre, límpida e inconfundível.
Um artista livre e dedicado ao palco, no seu ofício.
Um clipe de "Gilda" aparece com ele assistindo e pegando as famosas luvas atiradas para a platéia. Em todo o DVD se vê muito de projeções - cidades, cenários, filmes - e a interação de sua música e de sua dança com essas imagens.
No DVD Michael está mais Michael que nunca, com roupas coloridas, chapéus, calça de lantejoula dourada, paletó prateado, ombreiras enormes, grandes óculos, meia branca a mostra, calças justas, brilho e cores, tudo bem MJ. E tem parte do DVD dedicado ao figurino, cheio de brilhos que ele iria utiliza, como as famosas luvas de cristal.
Loiros, negros, orientaism, sua equipe é uma caldeirão multicultural. E ele diz que "queros os melhores ao meu lado!"
MJ parece um professor ao ficar junto com o tecladista, ensinando cada batida, para que saia como quer, "como escreví, como estão nos discos".
A passagem de som é rotineira, ele deixa claro que cada toque, cada batida tem de ser como sempre foi, e cobra isso em datalhes, mas para quem assiste parece insignificante.
Fisicamente ele parece ótimo, se movimentando muito, sem economizar nos ensaios.
" Mais uma vez, é para isso que servem os ensaios" diz MJ a pedir mais uma, mais uma, mais uma tentativa até chegar no som, no passo de dança, na batida que ele quer.
Professor, aluno aplicado, MJ sempre está envolvidíssimo com tudo.
E abre um espaço para o início de sua carreira, onde tudo começou com o Jacson Five, cantando canções do grupo.
MJ reclama também do retorno no ouvido; " é como se dessem um soco em mim, não escuto nada."
Jackson definitivamente não aparenta seus 50 anos, nem mesmo algum tipo de problema físico ou emocional, está sempre sendo exigente, mas sempre educado, está sempre se movimentando, se preocupando com detalhes, com minúcias, sempre atento, jamis voando.
Algumas vezes o DVD emociona, principalmente quando canta musicas de seu ex grupo familiar. No final diz que ama os irmãos, nome a nome.
MJ se mostra um artista completo mais uma vez, onde canta, compõe, dança, dirige.
Um dos baratos do DVD é Thriller, mega sucesso dele, recriado em filminho para o shows de Londres.
Thriller foi o divisor de águas do canto de MJ e do Pop. Muitos críticos dizem que foi o primeiro som pop feito, outros que Thriller foi o primeiro video clipe da forma que conhecemos hoje. Certo ou não, o correto mesmo é que Thriller foi o álbum mais vendido em todo o mundo até hoje, um sucesso estrondoso, jamais visto em um trabalho artístico gravado.
Thriller fez parte da vida dos anos 80, das brincadeiras, das danças, das histórias, dos comentários em bares, escolas, da revolução visual moderna, instalando e criando uma nova linguagem em aúdio e vídeo.
No novo filme para o show fantasmas voam utilizando recursos de circo e trapézio, tudo para relembrar o maior sucesso do cara.
No mínimo empolgante.
" Que Deus os abençoe" é uma das frases mais ditas por ele seguida de " eu amo vocês".
MJ também diz que " vamos devolver o amor ao mundo, para lembrar ao mundo que o amor é importante, amem o próximo, somos um só, amem o planeta, temos quatro anos para reparar o que fizemos, depois disso os danos são irreversíveis. Temos essas mensagens para passar", tudo dito em um momento de oração com toda a equipe.
Se vê a empolgação de todos que trabalham alí por estarem com ele.
Elevadores que levam MJ as alturas, homens que saem pulando de dentro do palco para fora, luzes, guitarras, todos os maiores hits do artista, palco com espaço para escaladas, plataformas que se abrem e levantam, alto astral.
Este é o ponto, alto astral.
Um MJ como sempre se viu, explosão de música, som e dança.
Que Londres não pode ver ao vivo.
Realmente, lamentável.
Mas que você e eu podemos assitir em Yhis is it, que por mais que possa ter sido editado para passar o melhor de Michael, é bom o suficiente para lembrar que foi ele o rei do pop, o maior inovador da música dos anos 80 pra cá.
This is it.
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Um comentário:
Bem,estou escrevendo estas palavras ao som de Michael Jackson
e adorei ler seu texto.Tenho o filme THIS IS IT e penso que sua análise foi bem fiel ao filme.
Tenho 42 anos e MJ faz parte da minha história de vida.
Ele é uma daquelas pessoas que fizeram a diferença em nosso mundo:
na arte, em sua visão de vida,
na filantropia.Uma perda inestimável no que toca a mim.
Obrigada pela sua homenagem.
Ao som de HEAL DE WORLD me lembro de coisas que aprendi com ele :
¨o desenho não precisa ser no meio da folha...¨, ¨o céu não precisa ser pintado de azul¨...¨os livros de história mentem..¨e outras pérolas que ajudaram-me a construir minha escala de valores desde minha adolescência.
Um gênio, um absurdo ...
Saudades.
ROSANE
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