PARA ENTENDER UM TANTINHO SÓ, DISSE O PERERECA DA VIZINHA;
A Saída de Charles (3)
Em função das cagadas da DS – e eu peço desculpas, data vênia, aos leitores, pelo palavreado... – amiga me pergunta qual o peso efetivo dessa tendência, no estado.
Respondo: quase nenhum.
Cerca de 80% do PT “pertencem” às tendências “PT pra Valer” e “Unidade na Luta”.
Quer dizer: são, majoritariamente, sociais-democratas ou democratas-cristãos.
Justos integrantes, nacionalmente, do chamado “Campo Majoritário”.
Os restantes 20% estão pulverizados em umas dez tendências, socialistas/comunistas.
A maior é a Ação Socialista, se não estou enganada, várias vezes maior que a DS.
Quer dizer, a DS representa, na verdade, algo como 00000,1% do universo petista no estado e, possivelmente, no Brasil.
Mas, no Pará – e só podia, mermo, ser neste Pará da Cabanagem... – a DS detém a governadora.
Porque Ana é militante da DS e não é de agora.
E o que é que isso significa?
Bom, tenho tentado explicar aos companheiros tucanos, peemedebistas e a todos os que não estão habituados a essa “coletivização” do pensamento, que isso significa muito.
Isso quer dizer, antes de mais nada, que Ana não pensa e nem “decide” per si, numa “coisa” isolada.
A decisão é coletiva; o pensamento que emerge, majoritariamente, do grupo.
Nada, enfim, tão diferente, do “coletivo” do PT.
Sei que na política tradicional, eminentemente personalista, esse tipo de entendimento e de comportamento é difícil de digerir.
Afinal, estamos habituamos a falar, bem ou mal, do prefeito, governador ou presidente fulano de tal, que faz o que bem lhe apetece, atirando “migalhas de decisão” ao grupo ao qual pertence.
Mas, essa não é prática do PT.
É certo que tem caciques. No PT pra Valer, em se tratando de Pará, o Zé Geraldo e o Ganzer; no Unidade na Luta, o Paulo Rocha e o Mário Cardoso.
Mas, o caciquismo deles não foi obtido, simplesmente, na base do “fisiologístico” toma-la-dá-cá.
No PT, é - ou era!... – preciso muito cuspe e militância para chegar a cacique...
Era preciso discutir com o “companheiro” motorista...
E ir pra rua, paramentado com chinelão, boné, camiseta e calça jeans, a defender a dona Maria e o seu José...
Porque petista que é petista tem de exibir, no currículo, gastação de cuspe e muita, muita manifestação...
E é esse pensamento democrático, coletivo, que precisamos entender.
A minha xará não decidirá rigorosamente nada por ela mesma.
Pode até gostar de alguém. Considerá-lo bacana, honesto, amigo, sincero...
Mas, na hora do pega pra capar, tem de prevalecer o pensamento do grupo; o pensamento coletivo...
Ana jamais “decidirá” nada; quem decidirá é a DS.
E, depois da DS, a baixar o “centralismo democrático”, o PT.
Tá certo? Tá errado? É bom? É mau?
Não sei... Tenho minhas críticas ao “democratismo” do PT. Profundas, como se percebe.
mAS tenho de reconhecer que isso é, de fato, um avanço.
Não vou discutir quem vota; com quem tenho de gastar meu suado cuspezinho, que isso é para umas trocentas grades...
Mas, tenho de admitir que esse tipo de comportamento torna, ao menos, as decisões mais abrangentes (eh, eh, eh)...
Puty foi inteligente. Não procurou ganhar as massas, os aliados.
Talvez que até tenha disseminado, aqui e ali, algum veneno.
Mas, ciente desse pensar petista, investiu no grupo.
Que irá referendá-lo, afinal, como liderança, perante o partido e a coligação que sustenta o governo.
Lamento que o faça, simplesmente, com base em mera cultura livresca.
Puty é o típico representante dos quadros intelectuais das esquerdas – aqueles que leram toneladas de livros. Mas, que não têm nem noção de onde fica a Vila da Barca...
(continua no blog da Perereca)
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