(Matéria do Diário on line)
A diversidade do Ver-o-Peso, que completa hoje 382 anos, não está apenas nos produtos ofertados, mas também nas histórias de vida das pessoas que ali trabalham.
Emanuel trabalha há pouco mais de um ano na Feira do Açaí. Foi a alternativa mais viável desde que a madeireira onde trabalhava em Ananindeua faliu. “Tive que achar outra atividade”, diz ele, apressado, o rosto carregando uma expressão que não se sabe definir direito se de dor ou cansaço. Emanuel trabalha carregando paneiros de açaí que vêm das ilhas para abastecer a cidade. Ganha vinte centavos por paneiro descarregado.
Emanuel chegou ao Ver-o-Peso às 23h e só irá embora por volta de 10h. Esgotado. Emanuel tem a fala rápida, num sotaque que faz a voz parecer um assobio. É rijo no corpo de músculos já marcados pela rotina estafante. “Aqui é assim, às vezes dá, em outras não”, diz com três paneiros na cabeça. Ele não pode parar para falar. Se parar perde dinheiro. E se perder dinheiro, atrapalha a criação das duas filhas.
Luciane chegou à Feira do Açaí às 17h. Só irá embora dezessete horas mais tarde. Nesse intervalo de tempo, não saberá quantas tapioquinhas fez, quantos cafés serviu.Há 20 anos essa é uma rotina que abarca quase toda a família. Luciane começou ajudando a mãe. Duas décadas depois ela se reveza com outras duas irmãs na barraca que faz os famosos cafés com tapioca na feira do Ver-o-Peso, que completa hoje 382 anos.
Eliete saiu do Amazonas vinte anos atrás para conhecer Belém. Veio a passeio, mas não quis mais voltar. Gostou mais do clima, das pessoas. Quis trabalho. Foi apresentada à dona Carioca, proprietária de uma barraca de comidas típicas no Ver-o-Peso. “Que signo tu tens, maninha?”, ouviu de cara. “Me dou bem com sagitário”, ouviu de réplica depois de dar a resposta. Começou a trabalhar no mesmo dia.
Um comentário:
Marcelo, tem também a história do Simão, de Castanhal. Ele trabalhava na noite de la e veio embora pra capital. vendeu tapioquinha no ver-o-peso e depois começou a cantar nos bares da cidade.
Depois disso as pessoas dizem que ele mudou, que ficou dificil falar com. Só andava em carrões importados, cheios de segurança.
Acontece que o ver-o-peso não fecha nem pra balanço e depois de mais de 40 anos, dizem que o avistaram por la, com um saco de farinha numa mão e com um peixe envolto no jornal na outra.
Parece que está desempregado.
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