Reclusão

Dia 2 de janeiro entro em recesso. Coisa de saco cheio que precisa ser esvaziado.
Quero a fala dos meus avós, as brincadeiras das crianças, os almoços com os pais, os passeios com os irmãos. Quero vista para o mar, nem preciso molhar os pés nele, apenas a vista serve, quero as ruas do Rio, as lojas, seus cafés, as livrarias e os livros. Quero os teatros, as casas de show, o tempo para fazer p... nenhuma.
Quero depois o mato, o Pantanal, os animais, quero as árvores, quero os bichos, quero a rede o o arroz carreteiro, quero o celular desligado e quero engordar.
Quero ver o Dom Bosco, lembrar da época adolescente, comer o pastel do japa, andar por Campo Grande, quero a luz das gravações e as cameras longe dos meus olhos cansados. Quero o escuro.
Quero o microfone desligado, os dedos sem agilidade para colunas, blogs, textos, quero a calculadora longe, quero gente da infância, da adolescência, quero o carinho, o pé no chão, quero mandar as favas o terno, a gravata, quero a alpargata.
Quero meu chapéu Panamá, minhas camisetas e nada mais.
Quero um tempo. De mim mesmo.
E de tudo que envolve este holofote que é a mídia.
A penumbra serve. E faz falta.
Mas só depois de 2 de dezembro. Até lá, dá-lhe 10, 12, 14 horas de trabalho insano.