O candidato da máquina sem candidato
Em todos estes anos de jornalismo há episódios que jamais esqueci.
Um foi a convenção estadual do PMDB, em 1998, quando Jader Barbalho anunciou a candidatura ao Governo do Estado.
Plenário lotado, ele disse uma coisa mais ou menos assim: que não saberia o que dizer se a sua decisão fosse diferente, tamanha a “eletricidade” que vinha de seus correligionários.
Como se sabe, Jader foi candidato contra a máquina e perdeu.
Depois, perdeu a Presidência do Senado, renunciou ao mandato e acabou até “preventivamente” preso e algemado, às vésperas das eleições de 2002.
Nos três episódios – a derrota eleitoral de 1998, a renúncia ao Senado e a prisão – muitos juraram que estava acabado.
Jader, no entanto, sobreviveu.
E, agora, se conseguir costurar a aliança que articula com o bloco PTB/PR, terá chances reais de retornar ao Governo do Estado.
Porque a máquina terá encontrado o seu candidato. E o candidato, a sua máquina.
Um balão e uma aposta
Nesta semana, o morubixaba peemedebista fez dois movimentos que só podem ser bem compreendidos em conjunto.
Primeiro, embaralhou as cartas, lançando o balão de uma possível candidatura ao Governo com o apoio do PT, a partir de pressões de Brasília e de uma insatisfação generalizada com a governadora Ana Júlia Carepa e a sua Democracia Socialista (DS).
Em tal “arquitetura”, os petistas se contentariam, apenas, com a vice e com uma vaga ao Senado e o resto do bolo iria para o blocão PTB/PR.
Não por acaso, o balão subiu ao céu no mesmo dia da reunião, em Brasília, entre Jader, o ministro Alexandre Padilha e os presidentes nacional e estadual do PT.
A proposta, na base do “se colar, colou”, não tem a mínima chance de prosperar.
Mas, funcionou como cortina de fumaça para reduzir a credibilidade do movimento do dia anterior, segunda-feira, este sim, importante: a proposta que fez ao prefeito de Belém, Duciomar Costa, do PTB.
Nela, Jader seria candidato ao Governo com o apoio do blocão PTB/PR. E Duciomar, candidato ao Senado com o apoio da poderosa máquina do PMDB, até agora uma faca no pescoço do alcaide.
A fatia do PR também seria considerável: o presidente do partido, Anivaldo Vale, levaria, sem o mínimo esforço, o comando da maior prefeitura do estado.
É um cenário preocupante para os adversários de Jader.
O PMDB possui cerca de 40 prefeituras; o blocão, 31 (o PTB tinha 15, mas, perdeu Tracateua).
Quer dizer: à partida, essa aliança teria quase metade das prefeituras paraenses, aí incluídos alguns dos principais colégios eleitorais do estado: Belém, Ananindeua, Marabá, Castanhal.
E onde se lê prefeituras, leia-se não apenas “eleitores”, mas, sobretudo, “máquina”, dinheiro, poder de barganha.
Com tal poder de fogo, uma aliança dessas teria, sim, possibilidade de atrair outras legendas.
Uma seria o DEM, com seus seis minutos de televisão.
Outra, talvez o PDT, que já caminha junto com o blocão e contabiliza nove prefeituras.
Tal aliança, possivelmente, não enfrentaria obstáculos a nível nacional: todos esses partidos, à exceção do DEM, integram a base de sustentação do presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Na verdade, eles formariam um palanque fortíssimo para a eleição de Dilma Rousseff – coisa que a ministra não teria simplesmente como desprezar.
Nessa hipótese, tucanos e petistas acabariam isolados, cada um em seu próprio muro de lamentações.
O segundo turno, possivelmente, seria entre Jader e Ana Júlia, já que Simão Jatene dificilmente teria condições de competir com as máquinas do Governo e das prefeituras.
E, nessa polarização, para onde tenderiam os tucanos?
Um comentário:
O Jader é cadidato ao governo sim, conheço varios prefeitos de outras legendas que o trairam no passado e hoje através do dep. Parsifal, Asdrubal Bentes, Bel Mesquita, Domingos Juvenil tem encontros as escondidas, são prefeitos do PT, PSDB, PDT e PR.
Como citou o Jader,o PT não enterrou o PMDB em uma cova só e sim em varias, perguntes aos Deputados. Asdrubal Bentes, Parsifal Pontes, Domingos Juvenil, Bel Mesquita ao Priante, Hildergado, Luis Otávio e outros caciques se eles ainda sobe no palque do PT.
O governo tem pesquisa nada animadora em suas mãos.
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