O que define os candidatos é o que os diferencia, não os lugares-comuns. Assim, vale a pena procurar nas nuvens abaixo (clique na imagem para ampliá-la) as palavras que um falou mais do que outro ou, de preferência, o que só um falou a ponto de aparecer entre as 50 mais ditas.
“Governo”, por exemplo, é uma palavra muito repetida por ambos porque cabe em várias acepções. José Serra (PSDB) costuma usá-la como sinônimo de administração, como em “governo Lula” ou “governo anterior”. Além disso, a palavra aparece nas menções aos governos estaduais.
Dilma Rousseff (PT) também emprega a palavra com frequência, muitas vezes para enfatizar a ligação com seu principal cabo-eleitoral, o presidente Lula, em expressões como “nosso governo”. Mas, para nenhum dos presidenciáveis, a repetição de “governo” é reveladora -salvo o desejo manifesto de chefiá-lo.
“Brasil”, no contexto das falas dos candidatos, também é um lugar-comum
“Candidato” e “Serra” foram duas necessidades do discurso de Dilma. Sem elas, seria impossível para a petista empregar o tom incisivo que empregou contra o adversário. A petista tentou acuar o rival, por exemplo, tentando associá-lo a “privatização” da “Petrobras” e do “pré-sal”.
Dilma também tem suas manias. Adora explicar, com a ajuda de um “porque” aqui e ali. Tanto quanto gosta de cifras: “mil” e “milhões” nunca faltam em seu discurso. Outra constante, mas que apareceu menos em sua boca neste debate foi “Lula”.
A petista evitou falar diretamente de “aborto”, mas tangenciou o tema ao mencionar várias vezes “mulheres” e de “campanha” de “ódio”. Faltou bastante de “segurança”, um tanto de “saúde” e menos de “educação” -uma palavra que usou quatro vezes, sempre associada a “qualidade”.
O verbo chave da noite acabou fora da nuvem, porque Dilma só usou-o quatro vezes: “tergiversar” e suas conjugações. Sempre comentando as respostas do rival.
…
Depois de “governo”, a palavra mais repetida por Serra é “relação”. Não, não se trata de discutir o relacionamento com ninguém. É um vício de linguagem. Durante o debate da Band, o tucano falou 15 vezes “em relação a…” Podia ser de “PT” a “cocaína”, passando pelos “genéricos”, Serra relacionou de tudo.
No grupo de palavras com número intermediário de citações destacam-se “Dilma”, “Lula” e “PT”. As diferentes menções aos adversários refletem as críticas e acusações feitas e rebatida pelo tucano.
Em palavras relacionadas ao seu tema predileto, “saúde”, Serra falou muito de “santas casas” e de “aborto”, um assunto quente neste segundo turno. Como mandam as pesquisas, falou também de “educação” e de “segurança”.
E, provocado pela adversária, falou bastante da “Petrobrás” e de “banco(s)”, embora tenha evitado associar essas duas palavras com privatização.
OBS: Nesses gráficos não aparecem as palavras mais comuns da língua portuguesa com até três letras, como “eu”. Os algarismos também ficam de fora.
Por José Roberto de Toledo
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