Oitocentos metros de fé, que são puxados, durante duas das principais procissões da Festa de Nazaré, pelas mãos de um povo tomado pela devoção à Mãe de Jesus. A Corda simboliza gratidão, promessas feitas, graças alcançadas ou que estão prestes a se alcançar, além de despertar a atenção dos que vêm de longe para participar de uma das maiores festas religiosas do mundo: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará. Esse ícone do Círio chega à capital paraense neste domingo, 31 de agosto.
Durante mais de dez anos, as cordas utilizadas nas procissões da Transladação e do Círio foram confeccionadas na Paraíba, pela empresa Brascorda. Mas, devido o fechamento da empresa paraibana, desde 2006, a fabricação é feita em Salvador-BA, pela Cordafios Indústria e Comércio de Produtos Têxteis Ltda. A corda, que vai ser utilizada na Festa do Círio 2008, saiu da capital baiana na última quarta-feira, 27 de agosto, e foi transportada pela Ramos Transportes, empresa que doou o frete de Salvador até Belém. Ao chegar à sede da Ramos Transportes, a corda que soma um total de 800 metros, é esticada e recebe sua primeira conferência de metragem; em seguida, a corda é dividida em duas partes iguais: 400m para a Trasladação e 400m para a Procissão do Círio.
Procissões – Com o objetivo de buscar maior agilidade no percurso das duas procissões e fazer com que a Corda chegue atrelada a Berlinda também no Círio 2008, a Diretoria da Festa de Nazaré, desde a grande procissão de 2004, alterou o formato da Corda, deixando de ser em forma de “U” para ser linear. A corda tem 2 polegadas de diâmetro e pesa cerca de 600 quilos. Nas procissões da Trasladação e do Círio, as mesmas vão continuar sendo organizadas com dois núcleos e cinco estações. O primeiro núcleo fica no início da corda e o segundo no final, onde fica a Berlinda.
A Diretoria de Procissões da Festa de Nazaré ressalta a importância da Corda para o Círio. “É um dos maiores ícones do Círio. Não se pode imaginar o Círio sem a corda, pois ela é uma expressão da fé do povo. Causa ansiedade na imprensa e em turistas, que ficam curiosos para ver tamanha demonstração de amor a Maria e a seu Filho Jesus”, afirmou Kleber Vieira, Diretor de Procissões da Festa de Nazaré.
Este ano, no Círio de Nazaré de número 216º, a Diretoria da Festa de Nazaré estima que mais de 7 mil fiéis, por procissão, puxem a corda na Trasladação e no Círio. “Ao final das duas procissões, muitos querem levar um pedaço deste ícone para casa. As pessoas que vão puxando a corda, geralmente estão pagando promessa. Ao longo do ano, nos momentos de dificuldades, os fiéis buscam a intercessão de Nossa Senhora de Nazaré junto a Jesus, e muitos prometem acompanhar descalços puxando a Corda”, explica Kleber.
História - A Corda surgiu no Círio de 1855, quando, devido às enchentes no Ver-o-Peso, foi preciso atar cordas à Berlinda que conduzia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a fim de que o povo pudesse puxá-la. Mas, em 1885, trinta anos depois, é que a Corda foi introduzida oficialmente na Procissão do Círio. De 1926 a 1931, por autorização de Dom Irineu Jofilly, a Corda ficou de fora, pois não houve Berlinda para puxar. Mas em 1931, por intermédio do interventor Magalhães Barata e com a concordância posterior de Dom Antônio de Almeida Lustosa, esse importante símbolo voltou à Procissão do Círio e permanece até hoje como elemento essencial da Festividade.
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