5 de ago. de 2009

Texto 2; Luiz Nassif e o pingo nos is...

A quarta-feira no Senado

Para entender o que deve ocorrer nesta quarta-feira no Congresso, a partir de conversas com observadores bem situados e com boa capacidade de análise do clime interno.
José Sarney tem dito a assessores que até agora vinha administrando o silêncio, procurando conversar. Agora, o discurso que está preparando será de enfrentamento.
No Senado, o quadro que se apresenta é complicado.
O DEM decidiu que não irá apresentar nenhuma representação contra Sarney. Transferiu sua posição para o Conselho de Ética da casa. O motivo é óbvio: telhado de vidro demais, de quem sempre comandou a 1a Secretaria da Casa.
No PT, há uma divisão entre os que se pretendem com visão macro da situação e os que enfrentarão eleição no próximo ano. O primeiro grupo acha fundamental a aliança PT-PMDB - e é formado por políticos que não enfrentarão eleições no próximo ano. O segundo grupo - os que irão se candidatar à reeleição - está indignado com Lula. Refere-se a ele como caudilho e há um clima de revolta, acusando-o de destruir o partido e todos os caminhos de reconstrução da imagem. A bancada se sente pisoteada e sem ter para onde ir. Não tem mais uma cara, um posicionamento que possa bancar depois da defesa reiterada de Lula a Sarney.
O Conselho de Ética pratica um discurso moralista que serve bem a um dos lados. Como o nome é Conselho de Ética, tenta se atribuir um valor moral. Mas do jeito que a casa está conflagrada, o que está em vigor é a máxima do senador Cafeteira: quem é contra é contra, quem é a favor é a favor. De Ética não tem coisa nenhuma. É mais uim campo de enfrentamento. Se a situação não coloca Paulo Duque para atuar, a oposição colocará alguém que condene Sarney. Não há meio termo.
Como a imprensa trabalha no mundo maniqueísta, tem sido incapaz de traduzir isso para o leitor. Continua dizendo que o Conselho de Ética é o Conselho de Ética, mas o que se está fazendo ali é política.
Do ponto de vista jurídico - diz esse observador - todas as representações contra Sarney podem ser derrubadas com dois minutos de argumentação. Considera todas extremamente frágeis.
Por exemplo, o Estadão, em mais de uma matéria em que o texto não entrega o que o título vende, insiste na tese de que o grampo na neta, pedindo emprego para o namorado, provaria que Sarney conhecia os tais atos secretos. Não prova nada. A suposta prova foi a dica do avô, para que procure Agaciel Maia. Ora, se a vaga pleiteada era na diretoria geral, quem arruma empregos lá é Agaciel. Sugerir que o procurasse não liga Sarney a nenhum ato secreto.
Além disso, a revelação dos atos de Arthur Virgílio ajuda a relativizar os supostos crimes de Sarney. O que é mais grave, diz o analista, o senador que faz um favor à neta, apenas sugerindo que procure Agaciel, ou Virgilio que admite na tribuna que manteve por mais de um ano um funcionário em Paris, abonando suas faltas, pagando pelo Senado inclusive horas extras?
No caso do crédito consignado, não existe um fato que mostre favorecimento. Pelo contrário, diz ele, a mídia omite informações que mostram o contrário. Quando assumiu, Sarney baixou um ato reduzindo os juros de 4,5% para 1,5% por um ato. O neto já estava descredenciado pelo HSBC. O faturamento da empresa dele no Senado correspondia a menos de 5% do Senado. Que favorecimento é esse?
No caso de nomeações de parentes, até o Supremo baixar a súmula do nepotismo, era uma prática disseminada por todo o país.
Ou seja, Sarney tem uma montanha de pecados, o filho está envolvido em inquéritos da Polícia Federal. Mas não existe nada, na sua atuação no Congresso, que possa consubstanciar uma condenação pelo Conselho de Ética.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hoje é o aniversário do nosso Governador PUTY, os festejos serão no Hangar. Voce vai nesta festa? Dizem que será a festa do ano no Pará. Ele bem que merece!

Anônimo disse...

Marcelo: Comovoce esta sempre nos grandes acontecimentos sociais, que tal uma filmagem para vermos estes Petralhas. Voce sabe se o Dr. Jader foi convidado? Ele irá?