Me arrepio ao escutar Outros Doces Bárbaros, filme-show reunindo Bethânia, Gal, Gil e Caetano.
Falam do começo da carreira, das influências, da chegada ao Rio, das parcerias e do convívio entre eles.
Imagens de ensaios, entrevistas e o show no Rio em 2002 em plena praia do Copacabana.
Uma comemoração a amizade dos quatro, como Caetano diz.
Outra parte bem interessante são as influências de cada um, passando pela música americana e ídolos de seu tempo, falando dos contemporâneos e pelo que deixa latente, se divertindo pacas.
A importância dos quatro é enorme, não só na música, mas na cultura nacional, com um quase " antes e depois" do surgimento do quarteto.
O DVD mostra um Gil muito mais musical que os outros, no sentido do profissional músico. É também o mais dedicado no sentido do tempo que dispõe para o DVD, sempre o primeiro a chegar e o último a sair.
Caetano, o mais falante, quase assume um posicionamento de líder, muito claro por conta da sua conhecida desinibição.
As meninas são mais contemplativas, admirando toda hora o talento dos rapazes.
Mas o talento ali é uma coisa bem dividida, Gil e Caetano com a vantagem da composição mas Bethânia e Gal arrebatando pelas vozes.
Em torno deles, um contingente considerável de gente, muitas perguntas e muita contemplação.
Foi em 1976 que eles se juntaram, ideia de Bethânia, ali apareceu o primeiro Doces Bárbaros, jovens cabeludos, pulando loucamente no palco e com uma música vibrante, O retorno foi em 2002, já sem a juventude mas com a preocupação mais voltada para o aperfeiçoamento do que é apresentado.
Caetano lembra que via nos quatro uma vocação para o estrelato, o que os diferenciava dos demais integrantes da Tropicália e de outros grupos surgidos na mesma época; " Era apenas uma intuição."
Gil lembra que se não fosse Caetano, não teria levado a carreira pelo caminho que levou, no sentido do estrelato.
João Gilberto é constante nas palavras deles, o que deixa claro a admiração e influência do também cantor baiano, criador da Bossa Nova junto com Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Pra quem não vive nesse mundo musical, é interessante ver como as musicas, as melodias e os ritmos são construídos ali, em conjunto, em harmonia.
Para quem gosta deles, é mesmo emocionante o DVD. Para quem não gosta, é impossível pelo menos não ficar admirado com o talento fluente, simples de aparecer, fácil de transbordar.
Os Doces Bárbaros levaram suas carreiras individualmente, cada qual com suas opções e escolhas, mas tendo sempre esse elo da amizade, das influências e das raízes baianas a os unir.
Será que já não estaria na hora de se reunirem novamente para outro desses encontros?
Seria ótimo.
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