15 de ago. de 2012

Uma diva aos 90 anos


Tive o privilegio de assistir na semana passada Bibi Ferreira no Teatro Frei Caneca em São Paulo.
Claro que para um amante de teatro como eu, assistir Bibi sempre foi um sonho. Um sonho caro, 140 reais o ingresso.
Mas que valeu cada centavo.
Na verdade ver Bibi sempre foi uma busca, que nunca consegui alcançar até o último final de semana.
Uma sorte, pois quando abri o jornal lá estava o espátaculo sendo anunciado.
Faz um tempo Jô Soares dedicou um programa inteiro para ela. Fiquei encantado, com a voz, a forca interpretativa, a alegria.
Mas o show foi mais que isso, foi surpreendente.
Bibi chegou andando, toda com um vestido azul com paetês.
Junto a ela, uma orquestra de 20 e poucos músicos, um pianista e um maestro.
E quando soltou a voz...
Um espanto, a mesma voz forte, potente e absolutamente cristalina.
Cantou em francês, italiano, alemão, cantou tango, bossa nova, samba, fez graça mudando letras de musicas clássicas com musicas populares brasileiras.
Ah, e ao entrar tocou a música de Cazuza, Quem Sabe eu Ainda sou uma Garotinha, um riso tomou conta da plateia, lotado o teatro estava.
Bibi contou os momentos em que as músicas fizeram parte de sua vida.
De sua longa vida. A atriz tem 90 anos.
Além da forca no palco, impressiona o fato de ele ter ficado uma hora e dez minutos em pé, sem sentar nenhum momento.
No final foi ovacionada.
É uma artista completa, mais que isso, um espanto, uma artista única, senhora de seu corpo, de sua arte, com uma vivacidade de dar inveja, com um humor fino e talvez por isso e pelas escolhas que fez em vida, pelo trabalho que aprimorou como um pintor ao longo dos anos, virou uma diva.
Uma das poucas do país.
Mas sejamos sinceros, só ela já bastaria.

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