30 de jul. de 2009

O Blog do Colunão colocando os pingos nos is...

Um escândalo de araque
O novo “escândalo Sarney”, divulgado nesta quarta-feira (22) por O Estado de S.Paulo e repercutido acriticamente pela grande mídia em geral, não muda nada.

Permanece injustificável que problemas institucionais sejam fulanizados a esse ponto, apenas porque uma associação de quatro ou mais jornais e revistas decidiu derrubar o presidente do Senado, desestabilizar o governo Lula e enfraquecer a candidatura Dilma Roussef.

De que se trata agora? Da publicação de conversas gravadas em que uma filha de Fernando Sarney pede emprego para o namorado dela, Fernando aciona o pai, e Sarney e o próprio Fernando tratam do assunto com o famigerado diretor-geral Agaciel Maia. A nomeação é feita com autorização do senador Garibaldi Alves (PMDB), então presidente da casa.

A vaga tinha sido aberta pela auto-exoneração de outro protegido do senador, que conseguira um emprego melhor.

Que é que prova isso?

1) Que no Senado, como na Câmara dos Deputados, nas Assembleias e nas Câmaras municipais, assim como em muitos setores do Serviço Público, há uma enorme e exagerada quantidade de “cargos de confiança”, preenchidos sem concurso. Isso já se sabia.

2) Que os beneficiários são indicadas por políticos ou altos funcionários ou por amigos de uns e de outros. Também já era sabido.

3) Que a família José Sarney, como a família Jackson Lago e a família João Castelo Ribeiro Gonçalves, entre outras no Maranhão e alhures, adora um emprego público, especialmente se não for necessário trabalhar. Tampouco isso é novidade.

4) Que Fernando é o sogro putativo que todo malandro sonharia ter. Aqui só os íntimos podiam saber.

Foquismo

Impossível é não ver que a grande imprensa do Sudeste lidera uma escandalosa articulação midiática que tenta demonizar o senador Sarney como único responsável pelas mazelas tradicionais do Senado. Focando as denúncias exclusivamente nele, passando de leve pelo que atinge adversários como o líder tucano Artur Virgílio e ignorando também o que se passa na Câmara e noutras casas legislativas. Até o ouvidor da Folha de S.Paulo já condenou esse "foquismo".

É assim que um casinho sem maior importância como esse — nomeação do apadrinhado de um senador para cargo público — é alçado à condição de escândalo nacional e assim recebido até por blogueiros que se imaginam alternativos.

Os quais blogueiros acham normal a violação dos direitos constitucionais de quem teve o telefone grampeado pela Justiça porque supostamente se envolveu em trambicagens licitatórias e outros delitos graves (caso de Fernando Sarney) e de repente vê as conversas com a filha sobre emprego, celulares e até sobre o velório da mãe de um amigo exibidas sem o mínimo escrúpulo, nos maiores saites de notícia do país.

Arranjar emprego público para o namorado da filha ou da neta, por mais feio que se possa achar, não é crime nem falta de decoro. Crime é violar o sigilo das comunicações.

2 comentários:

Anônimo disse...

É...anda baixíssima a capacidade de indignação, isso sim.
Tudo se transforma em "algo normal", até essa lamaceira senatorial.
Fica mais cômodo enxergar como complô da mídia.
Bleargh! ânsias de vômito de indignação, isso sim!

Anônimo disse...

Uma pena que um jovem jornalista como você desde cedo ache "normal" como os políticos brasileiros usufruem do poder. E insistem no "denuncismo", como se não fosse uma prática democrática normal a mídia jogar luz sobre esses abusos dessa classe política que representa a si só. Se você acha injusto a imprensa do sul/sudeste denunciar o honradíssimo presidente do Senado e não os outros, vá você mesmo e denuncie o Artur Virgílio, José Serra e outros. Estaria prestando um grande favor ao Brasil, como faz a imprensa do Sul/Sudeste. Não é por acaso que eles são n vezes mais desenvolvidos.