O que é um blog? Eu tento tratá-ló como um espaço de notícias, com um pouco de opinião. Muita gente diz que é um diário pessoal na internet, compartilhado com várias pessoas. Hoje confesso que não sei bem dizer o que é um blog. Mas também poucas vezes precisei tanto usá-ló.
Tenho 40 anos e as vezes me sinto como um garoto de dez. Hoje é um desses dias.
Fim de trabalho na Flórida, saindo de carro rumo ao aeroporto para seguir para Belém e o telefone toca. Meu irmão contando que meu avô havia sido atropelado por uma moto e estava em coma. Miami ficou cinza, perdi a rota do aeroporto, entrei com o carro em um desses postes de trânsito, senti medo.
Meu vô tem 87 anos, então a lógica da vida diz que uma hora ou outra....
Mas eu confesso que fiquei sem chão, como disse, igual a uma criança.
Meu avô é uma daquelas alegrias da vida da gente.
Tenho 40 anos e as vezes me sinto como um garoto de dez. Hoje é um desses dias.
Fim de trabalho na Flórida, saindo de carro rumo ao aeroporto para seguir para Belém e o telefone toca. Meu irmão contando que meu avô havia sido atropelado por uma moto e estava em coma. Miami ficou cinza, perdi a rota do aeroporto, entrei com o carro em um desses postes de trânsito, senti medo.
Meu vô tem 87 anos, então a lógica da vida diz que uma hora ou outra....
Mas eu confesso que fiquei sem chão, como disse, igual a uma criança.
Meu avô é uma daquelas alegrias da vida da gente.
Homem cheio de humor, com uma memória invejável, cheio de tiradas incríveis, sempre foi isso pra mim, um modelo de homem, de trabalhador, de avô.
E quando se está longe nessas horas a gente nem sabe como fazer.
Eu fiquei umas duas horas tentando achar um caminho que já me é habitual.
E mesmo chegando ao aeroporto, deitado na cama do hotel depois de ter falado com todos os parentes mil vezes, estou aqui, olhando para o lado e pedindo que Deus não leve ele dessa maneira tão besta.
Na verdade nem sei porque estou escrevendo, é que me acostumei a ser duro, por conta disso fechado, por isso envergonhado das fraquezas que por ventura sinta.
Mas afinal, humanos somos todos nós, com nossos medos, fraquezas, imperfeições e incoerências.
Fico imaginando como ele deve ter se sentido na hora do acidente.
Ele que até ontem eu estava chamando atenção por subir no telhado para consertar a antena da tv.
O cara se acha um menino, fazer o que?!
Bom, de qualquer forma quando ele veio em março até Belém, me prometeu que o ano novo passaríamos juntos em um sítio na beira do rio lá no meio do mato que eu arranjei, e que ele adorou.
Cumpra só mais essa promessa, Benê.
Meu avô foi ferroviário a vida toda, trabalhou no escritório da Fepasa, a Ferrovia Paulista que era uma gigante. Mas como o salário nunca bastava, a noite era lanterninha de cinema e aos finais de semana garçom.
Vendia relógios no trabalho também.
Quando se aposentou - e lá se vão quarenta anos - fez de tudo; administrou o escritório da Cohab lá em Rio Claro, foi vendedor de bolachas pelas cidades vizinhas, cobrador de loja de peças de veículos e mais várias outras coisas.
Do tempo de aposentado vem minha brincadeira predileta com ele, a de dizer que ele é o maior vagabundo que conheci pois está aposentado faz quarenta anos.
Ele rí, mas vez por outra responde lembrando todas as mil atividades que manteve até o ano passado.
É um homem simples, que com seu trabalho construiu sua casa, deu escola e faculdade aos filhos, que jamais deixou de pagar quem quer que fosse nem de cumprir a palavra empenhada
.Sãopaulino, o infeliz!!!
Eu corintiano, como minha avó. Imaginem....
Meu vô é um desses caras que não sabem ficar quieto. Tem a décadas um dos mais conhecidos viveiros de pássaros da cidade - motivo pelo qual meu pai detesta passarinho - o coitado tinha de cuidar deles quando pequeno.
Pela manhã segue firme para o velório, para saber quem morreu. E para consolar as viúvas,como ele adora dizer.
O descarado ainda diz que no velório público é onde se toma o melhor café da cidade.
Esse ano foi renovar a carteira de motorista e o médico perguntou se ele não estava escutando um zunido; "- O senhor me perdoe mas buzina de carro eu escuto, mas um zunido, tenho 87 anos pombas!"
Na penúltima vez que veio aqui em casa se esborrachou andado de bicicleta. Claro, mandei ela para o espaço e dei fim na da casa dele também.
Foram meses de reclamação começando pela frase; " - Ele acha que sou criança."
Mas a saúde do velho é incrível, anda quase todos os dias uns vinte quarteirões até o centro, logicamente parando aqui e acolá para bater papo, que no fundo é o que ele mais gosta de fazer e o que faz melhor na vida.Um boa praça, como ele mesmo diz.
Meu avô é daqueles que toma leite com manga, cachaça um pouquinho todo dia e come porco com macarrão sem que isso mude a sua digestão em nada.
É um forte.
Um bravo.
E foi sempre um avô maravilhoso.
Vem levando a vida com alegria, lendo três jornais por dia, andando de mãos dadas com minha avó, dormindo na hora da novela, maldizendo o Timão, batendo papo no banco da praça, sempre com uma elegância, com uma leveza que me dá inveja.
Demos a ele um aparelho de audição. Cadê o aparelho Benê?" - Tirei essa porcaria que com ele eu vejo quanto barulho vocês fazem."
Um grande cara.
Um dos amores da minha vida.
Eu já fiz minha promessa a Nossa Senhora de Nazaré. E espero chegar hoje a noite em casa e ver o velho melhor.
E cobrar dele a promessa que me fez sobre o ano novo
Se Deus quiser.
PS: desculpem a liberdade de dividir essas coisas tão pessoais aqui.
E quando se está longe nessas horas a gente nem sabe como fazer.
Eu fiquei umas duas horas tentando achar um caminho que já me é habitual.
E mesmo chegando ao aeroporto, deitado na cama do hotel depois de ter falado com todos os parentes mil vezes, estou aqui, olhando para o lado e pedindo que Deus não leve ele dessa maneira tão besta.
Na verdade nem sei porque estou escrevendo, é que me acostumei a ser duro, por conta disso fechado, por isso envergonhado das fraquezas que por ventura sinta.
Mas afinal, humanos somos todos nós, com nossos medos, fraquezas, imperfeições e incoerências.
Fico imaginando como ele deve ter se sentido na hora do acidente.
Ele que até ontem eu estava chamando atenção por subir no telhado para consertar a antena da tv.
O cara se acha um menino, fazer o que?!
Bom, de qualquer forma quando ele veio em março até Belém, me prometeu que o ano novo passaríamos juntos em um sítio na beira do rio lá no meio do mato que eu arranjei, e que ele adorou.
Cumpra só mais essa promessa, Benê.
Meu avô foi ferroviário a vida toda, trabalhou no escritório da Fepasa, a Ferrovia Paulista que era uma gigante. Mas como o salário nunca bastava, a noite era lanterninha de cinema e aos finais de semana garçom.
Vendia relógios no trabalho também.
Quando se aposentou - e lá se vão quarenta anos - fez de tudo; administrou o escritório da Cohab lá em Rio Claro, foi vendedor de bolachas pelas cidades vizinhas, cobrador de loja de peças de veículos e mais várias outras coisas.
Do tempo de aposentado vem minha brincadeira predileta com ele, a de dizer que ele é o maior vagabundo que conheci pois está aposentado faz quarenta anos.
Ele rí, mas vez por outra responde lembrando todas as mil atividades que manteve até o ano passado.
É um homem simples, que com seu trabalho construiu sua casa, deu escola e faculdade aos filhos, que jamais deixou de pagar quem quer que fosse nem de cumprir a palavra empenhada
.Sãopaulino, o infeliz!!!
Eu corintiano, como minha avó. Imaginem....
Meu vô é um desses caras que não sabem ficar quieto. Tem a décadas um dos mais conhecidos viveiros de pássaros da cidade - motivo pelo qual meu pai detesta passarinho - o coitado tinha de cuidar deles quando pequeno.
Pela manhã segue firme para o velório, para saber quem morreu. E para consolar as viúvas,como ele adora dizer.
O descarado ainda diz que no velório público é onde se toma o melhor café da cidade.
Esse ano foi renovar a carteira de motorista e o médico perguntou se ele não estava escutando um zunido; "- O senhor me perdoe mas buzina de carro eu escuto, mas um zunido, tenho 87 anos pombas!"
Na penúltima vez que veio aqui em casa se esborrachou andado de bicicleta. Claro, mandei ela para o espaço e dei fim na da casa dele também.
Foram meses de reclamação começando pela frase; " - Ele acha que sou criança."
Mas a saúde do velho é incrível, anda quase todos os dias uns vinte quarteirões até o centro, logicamente parando aqui e acolá para bater papo, que no fundo é o que ele mais gosta de fazer e o que faz melhor na vida.Um boa praça, como ele mesmo diz.
Meu avô é daqueles que toma leite com manga, cachaça um pouquinho todo dia e come porco com macarrão sem que isso mude a sua digestão em nada.
É um forte.
Um bravo.
E foi sempre um avô maravilhoso.
Vem levando a vida com alegria, lendo três jornais por dia, andando de mãos dadas com minha avó, dormindo na hora da novela, maldizendo o Timão, batendo papo no banco da praça, sempre com uma elegância, com uma leveza que me dá inveja.
Demos a ele um aparelho de audição. Cadê o aparelho Benê?" - Tirei essa porcaria que com ele eu vejo quanto barulho vocês fazem."
Um grande cara.
Um dos amores da minha vida.
Eu já fiz minha promessa a Nossa Senhora de Nazaré. E espero chegar hoje a noite em casa e ver o velho melhor.
E cobrar dele a promessa que me fez sobre o ano novo
Se Deus quiser.
PS: desculpem a liberdade de dividir essas coisas tão pessoais aqui.
12 comentários:
Bacana, quem escreveu não foi você, que escreveu foi algo chamado de amor. Lindo cara, estou com meu pai nos 84 e sei o que é isto. A Senhora não vai lhe faltar creia.
Bacana
Força tudo vai dar certo.
Curta em quando você pode curtir, viva enquanto você pode viver, aproveite em quanto você pode aproveitar. Só sente falta quem não tem mais...
sabe cara as vezes te detesto, acho chato, meio murista, meio stalinista, meio piqui ( detesto piqui), mas, lendo assim, me deu uma baita saudades dos meus avós...que não tenho mais...curta muito o Bené, deixe ele reclamar muito de vc, dê ouvidos aos seus conselhos, se puder viva agarrado nele...ele é uma joia rara...única. saiba um dia vão se despedir...mas que seja cantando, sorrindo, chorando, e dizendo...PORRA ESSE CARA VIVEU MUITO E ME TORNOU UM SER HUMANO FELIZ,,,da um beijo nele por mim...vou estar orando por ele tb...hoje acho que vc é um açai com tapioca e camarão (eu gosto pra caramba).
Olá Bacana.
Já são 7 da manhã, e tô aqui lendo o que você escreveu em relação ao seu Avô. Legal a forma como retrata ele, o carinho, o amor que o Bacana tem por esse coroa.
Continue smpre com essa humildade e terá sempre minha companhia todas as manhãs aqui pelo Blog.
Ariel Castro
Bacana, estou orando pelo seu avô e desejo pronto restabelecimento. Um abraço.
Meus pêsames, mas fiquei com uma dúvida: atendeste o celular dirigindo e em Miami?
vou imprimir e ler para o vô, antes mesmo de vc chegar... só pra ele ir preparando uma resposta boa pra vc... quando chegar... quem sabe ele te responde com algum gesto... ou nos dá como resposta, uma boa notícia.
Te amo. Kah
Bacana, sou avô de três crianças, e lendo tua declaração de amor pelo teu avô, fiquei a pensar, quem dera DEUS me desse essa oportunidade de ler, uma declaração de amor de meus netos. Tenha fé que se houver merecimento, Nossa senhora de Nazaré, nossa intercessora, junto a CRISTO, nosso salvador, te concederá a graça de passar o final de ano, e muito mais, ao lado do teu querido avô. Vou estar torcendo por ti e pelo teu avô.
Forca my friend, no fim vai acabar tudo bem, estamos rezando e torcendo pelo seu Bene!
Central de atendimento em Miami.
Durante algum tempo assinei uma coluna chamada horrível no site Acorda Pará, onde um dos elementos mais criticados foi o bacana, não o cidadão Marcelo Marques, a quem hoje me dirijo desejando-lhe que a mão de Deus e o manto de N.Senhora de Nazaré cubram de bençãos teu avô, a ti e a toda tua família, principalmente nessas horas dificies que estás atrevessando. Fé em Deus, em Nossa Senhora de Nazaré e que no final tudo fique bacana pra ti e tua família. Cuide bem de teu avõ!
São por esses momentos e por essa sensibilidade que acabo te achando um cara bacana. Nazinha vai cuidar para que o velho Benê se recupere logo e pague a promessa que lhe fez. Fé!
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