18 de dez. de 2008

GENERAL RESPONDE A MIRIAN LEITÃO
Resposta do General Torres de Melo à carta da jornalista.

À Senhora Jornalista Miriam Leitão
Li o seu artigo "ENQUANTO ISSO", com todo cuidado possível. Senti,
em suas linhas, que a senhora procura mostrar que os MILITARES
BRASILEIROS de HOJE, são bem diferentes dos MILITARES BRASILEIROS de
ONTEM. Penso que esse é o ponto central de sua tese. Para criar
credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve um
tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E
ORDEM era rasgar as leis e ferir a ordem. Hoje em dia, eles demonstram
com convicção terem apren dido o que não podem fazer". Permita-me
discordar dessa afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois
fiz parte dos MILITARES DE ONTEM e nunca vi os meus camaradas
militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem ontem nem hoje. Vou
demonstrar a minha tese.
Texto completo
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No Império, as LEIS E A ORDEM foram rasgadas no Pará, Ceará,
Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões políticas da
época. AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande Pacificador
do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua ação
manteve a Unidade Nacional. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem.
Pelo contrário.

Vem a queda do Império e a República. Pelo que sei, e a História
registra, foram políticos que acabaram envolvendo os velhos
Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas. A política dos
governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos
Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas
pelos donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década
de 20, que sonhavam com um Brasil mais democrático e justo. Os
Militares de Ontem ficaram ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre
jornalista que foram os civis políticos que fizeram a revolução de 30,
apoiados, contudo, pelos tenentes revolucionários, menos Prestes, que
abraçou o comunismo russo.

Veio a época getuliana, que, aos poucos, foi afastando os tenentes
das decisões políticas. A revolução Paulista não foi feita pelos
Militares de Ontem e sim pelos políticos paulistas que não aceitavam a
ditadura de Vargas. Não foram os Militares de Ontem que fizeram a
revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem para
a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos
verdadeiro s Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem
deram o golpe de 37. Penso que a senhora, dentro de seu espírito de
justiça, há de concordar comigo que foram as velhas raposas GETÚLIO -
CHICO CAMPOS - OSWALDO ARANHA e os chefetes que estavam nos governos
dos Estados, que aceitaram o golpe de 37. Não coloque a culpa nos
Militares de Ontem.

Veio a segunda guerra mundial. O Nazismo e o Fascismo tentam
dominar o mundo. Assistimos ao primeiro choque da hipocrisia da
esquerda. A senhora deve ter lido - pois àquela época não seria
nascida -, sobre o acordo da Alemanha e a URSS para dividirem a pobre
Polônia e os sindicatos comunistas do mundo ocidental fazendo greves
contra os seus próprios países a favor da Alemanha por imposição da
URSS e a mudança de posição quando a "Santa URSS" foi invadida por
Hitler. O Brasil ficou em cima de muro até que nossos navios (35)
foram afundados. E ra a guerra, a FEB e seu término. Getúlio - o
ditador - caiu e vieram as eleições. As Forças Armadas foram
chamadas a intervir para evitar o pior. Foram os políticos que
pressionaram os Militares de Ontem para manter a ordem. Não rasgamos
as leis nem ferimos a ordem. Chamou-se o Presidente do Supremo
Tribunal Federal para, como Presidente, governar a transição. Não se
impôs MILITAR algum.

O mundo dividiu-se em dois. O lado democrático, chamado pelos
comunistas de imperialistas, e o lado comunista com as suas ditaduras
cruéis e seus celebres julgamentos "democráticos". Prefiro o primeiro
e tenho certeza de que a senhora, também. No lado ocidental não se
tinham os GULAGs.

O período Dutra (ESCOLHIDO PELOS CIVIS E ELEITO PELO VOTO DIRETO
DO POVO) teve seus erros - NUNCA CONTRA A LEI E A ORDEM - e virtudes
como toda obra humana. A colocação do Partido Comunista na ilegalidade
foi uma obra do Congresso Nacional por inabilidade do próprio Carlos
Prestes, que declarou ficar ao lado da URSS e não do Brasil em caso de
guerra entre os dois países. Dutra vivia com o "livrinho" (a
Constituição) na mão, pois os políticos, nas suas ambições, queriam
intervenções em alguns Estados, inclusive em São Paulo. A senhora deve
ter lido isso, pois há vasta literatura sobre a História daqueles
idos.

Novo período de Getúlio Vargas. Ele já não tinha mais o vigor dos
anos trinta. Quem leu CHATÔ, SAMUEL WEINER (a senhora leu?) sente que
os falsos amigos de Getúlio o levaram à desgraça. Os Militares de
Ontem não se envolveram no caso, senão para investigar os crimes que
vinham sendo cometidos sem apuração pela Polícia; nem rasgaram leis
nem feriram a ordem.

Eram os políticos que se digladiavam e procuravam nos colocar
como fiéis da balança. O seu suicídio foi uma tragédia nacional, mas
não foram os Militares de Ontem os responsáveis pela grande desgraça.

A senhora permita-me ir resumindo para não ficar longo. Veio
Juscelino e as Forças Armadas garantiram a posse, mesmo com pequenas
divergências. Eram os políticos que queriam rasgar as leis e ferir a
ordem e não os Militares de Ontem. Nessa época, há o segundo grande
choque da esquerda. No XX Congresso do Partido Comunista da URSS
(1956) Kruchov coloca a nu a desgraça do stalinismo na URSS. Os
intelectuais esquerdistas ficam sem rumo.

Juscelino chega ao fim e seu candidato perde para o senhor Jânio
Quadros. Esperança da vassoura. Desastre total. Não foram os Militares
de Ontem que rasgaram a lei e feriram a ordem. Quem declarou vago o
cargo de Presidente foi o Congresso Nacional. A Nação ficou ao Deus
dará. Ameaça de guerra civil e os políticos tocando fogo no País e as
Forças Armadas divididas pelas paixões políticas, disseminadas pelas
"vivandeiras dos quartéis" como muito bem alcunhou Castello.

Parlamentarismo, volta ao presidencialismo, aumento das paixões
políticas, Prestes indo até Moscou afirmando que já estavam no
governo, faltando-lhes apenas o Poder. Os militares calados e o chefe
do Estado Maior do Exército (Castello) recomendando que a cadeia de
comando deveria ser mantida de qualquer maneira. A indisciplina
chegando e incentivada dentro dos Quartéis, não pelos Militares de
Ontem e sim pelos políticos de esquerda; e as vivandeiras tentando
colocar o Exército na luta política.

Revoltas de Polícias Militares, revolta de sargentos em Brasília,
indisciplina na Marinha, comícios da Central e do Automóvel Clube
representavam a desordem e o caos contra a LEI e a ORDEM. Lacerda,
Ademar de Barros, Magalhães Pinto e outros governadores e políticos
(todos civis)incentivavam o povo à revolta. As marchas com Deus, pela
Família e pela Liberdade (promovidas por mulheres) representavam a
angústia do País. Todo esse clima não foi produzido pelos MILITARES DE
ONTEM. Eles, contudo, sempre à escuta dos apelos do povo, pois ELES
são o povo em armas, para garantir as Leis e a Ordem.

Minas desce. Liderança primeira de civil; era Magalhães Pinto. Era
a contra-revolução que se impunha para evitar que o Brasil soçobrasse
ao comunismo. O governador Miguel Arraes declarava em Recife, nas
vésperas de 31 de março: haverá golpe. Não sabemos se deles ou nosso.
Não vamos ser hipócritas. A senhora, inteligente como é, deve ter lido
muitos livros que reportam a luta política daquela época (exemplos:
A Revolução Impossível de Luis Mir - Combates nas Trevas de Jacob
Gorender - Camaradas de William Waack - etc) sabe que a esquerda
desejava implantar uma ditadura de esquerda. Quem afirma é Jacob
Gorender. Diz ele no seu livro: "a luta armada começou a ser tentada
pela esquerda em 1965 e desfechada em definitiva a partir de 1968". Na
há, em nenhuma parte do mundo, luta armada em que se vão plantar rosas
e é por essa razão que GORENDER afirma: "se quiser compreendê-la na
perspectiva da sua história, A ESQUERDA deve assumir a violência que
praticou". Violência gera violência.

Castello, Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo com seus
erros e virtudes desenvolveram o País. Não vamos perder tempo com
isso. A senhora é uma economista e sabe bem disso. Veio a ANISTIA.
João Figueiredo dando murro na mesa e clamando que era para todos; e
Ulisses não desejando que Brizolla, Arraes e outros pudessem tomar
parte no novo processo eleitoral, para não lhe disputarem as chances
de Poder. João bateu o pé e todos tiveram direito, pois "luga r de
Brasileiro é no Brasil", como dizia. Não esquecer o terceiro choque
sofrido pela a esquerda: Queda do Muro de Berlim, que até hoje a nossa
esquerda não sabe desse fato histórico.

Diretas já. Sarney, Collor com seu desastre, Itamar, FHC, LULA e
chegamos aos dias atuais. Os Militares de Hoje, silentes, que não são
responsáveis pelas desgraças que vivemos agora, mas sempre
aguardando a voz do Povo. Não houve no passado, nem há, nos dias de
hoje, nenhum militar metido em roubo, compra de voto, CPI, dólar em
cueca, mensalões ou mensalinhos. Não há nenhum Delúbio, Zé Dirceu,
José Genoíno, e que tais. O que já se ouve, o que se escuta é o povo
dizendo: SÓ OS MILITARES PODERÃO SALVAR A NAÇÃO. Pois àquela época da
"ditadura" era que se era feliz e não se sabia...Mas os Militares de
Hoje, como os de Ontem, não querem ditadura, pois são formados
democratas. E irão garantir a Lei e a Ordem, sempre que preciso.

Os militares não irão às ruas sem o povo ao seu lado. OS MILITARES
DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS MILITARES DE ONTEM. A nossa desgraça é
que políticos de hoje (olhe os PICARETAS do Lula!) - as exceções
justificando a regra - são ainda piores do que os de ontem. São sem
ética e sem moral, mas também despudorados. E o Brasil sofrendo, não
por conta dos MILITARES, mas de ALGUNS POLÍTICOS - uma corja de
canalhas, que rasgam as leis e criam as desordens.

Como sei que a senhora é uma democrata, espero que publique esta
carta no local onde a senhora escreve os seus artigos, que os leio
atenta e religiosamente, como se fossem uma Bíblia. Perfeitos no campo
econômico, mas não muitos católicos ou evangélicos no campo político
por uma razão muito simples: quando parece que a senhora tem o vírus
de uma reacionária de esquerda.

Atenciosa e respeitosamente,

GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO.

(Um militar de ontem, que respeita os militares de hoje, que
pugnam pela Lei e a Ordem).

3 comentários:

Anônimo disse...

Acredito ser importante o general saber que as Forças Armadas após a anistia e o retorno dos exilados mantinham com Miguel Arraes uma relação de respeito e um diálogo permanente.Miguel Arraes tinha imenso respeito pelos militares.Consiva que eles poderiam ter um papel mais atuante na reconstrução do país e de suas instituições democráticas.Infelizmente,os governos civis faliram o exército.Este registro me parece importante,vindode um homem que foi deposto e preso.
Ele sabia,no entanto, os intersses que haviam por trás.
Podem verificar,não consigo verficar nenhum general milionário.
Meu nome é Emidio Cavalcanti.Não sei bem me inscrever no blogger.

Anônimo disse...

Lamento a não postagem de meu comentário.Se este for um blog com censura,até prefiro.Deixei minha identificação.Deixo agora meu e-mail emidio@imip.org.br

Anônimo disse...

esses milicos de merda.