2 de jan. de 2011

Herança maldita?!

Esse negócio que o Estado tá acabado ainda vai dar pano pra manga.
Ou melhor, ainda vai dar declarações de secretários, assessores, páginas em jornais, notinhas em twitter, blogs.
Não só isso, esse negócio de que o caos está em todas as secretarias, em todos os órgãos, que é pior do que se imaginava...
Já virou até moda, governo que entra fala da tal da herança maldita.
Como se a gente quisesse saber. Ou melhor, saber a gente até quer -é mais uma futrica a ganhar espaço em blogs, na boca do povo, nos salões, na mídia - mas é tão previsível.
Também, se a população achasse que estava tudo bem, não reelegeria um governador porque?
Tem até cheiro de desculpa, um vale " dá um tempo" pra não ser muito cobrado, deve ser.
Ana também falou isso, ela e todos os outros prefeitos e governadores que tomam posse quando o sucessor não é do mesmo grupo político. Aqui, no Acre e até em Dubai.
.O que a gente quer é mudança, sem blá blá blá.
Afinal, entra governo sai governo é o mesmo papo.
Quem entra diz horrores de quem sai, na maior parte das vezes só de boca, sem mostrar documentos, provas concretas.
No fundo a população não reelege um governante não porque a mídia foi ruim ou porque deixou de ir com a cara do fulano nos últimos quatro anos, não reelege porque a percepção que tem é de que as coisas não foram bem, não foram como o esperado.
Ou seja, a tal herança maldita fica meia implícita, na visão de que a herança, o legado, as coisas, os fatos, não caminharam como era esperado.
Então mudam. E mudam o governante.
Sempre foi assim, sempre será.
Ninguém é soberano ao ponto de ganhar uma carta em branco da população.
Se não estiver bem, mudam e ponto.
Daí porque a tal da propagação do que se costuma chamar de "herança maldita" não seja tão necessário.
Mas a desgraça é que os que entram costumam menosprezar a percepção popular de que a coisa não andava boa e por isso foi mudada.
Ou seja, não são só os méritos de um eleito que o elege, são também os erros e falhas de quem concorre com o vitorioso.
Não se deve jogar em baixo do tapete os desmandos, e muito menos as irregularidades, mas a tal "herança maldita" virou lugar comum.
É como o sol, todo mundo sabe que virá.
Mas é mais que isso, é uma necessidade de aniquilamento do adversário, de uma desmoralização total - como se perder já não fosse suficiente.
Quando Ana entrou, cometeu esse erro, " um Governo acabado " é o que ela recebia.
Tomara que Jatene não caia no lugar comum, apesar de uns assessores aqui e acolá já estarem falando da tal maldita.
Fico me perguntando, se o Estado é tão acabado, o que faz com que briguem e disputem tanto para comandá-lo?
Na verdade erros, falhas e possíveis irregularidades podem até ter ocorrido, pelo menos na avaliação popular os erros foram suficientes para mudar o rumo do comando.
Agora, tornar a tal " herança maldita" o salvo conduto para jogar as mudanças que a população quer e que o Estado precisa lá pra frente, é o que não pode.
E esperamos que não aconteça.
Só falta a Dilma falar que recebeu o governo despedaçado do Lula.
Seria uma graça, mas não fugiria da ladainha tão comum na boca de dirigentes que entram.

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