16 de nov. de 2011

Cai mito do jornalismo grátis



O jornalista Bill Keller liderou a construção do mais discutido modelo de negócios para a mídia no ano: o chamado "muro de cobrança" do jornal "The New York Times".


"Está funcionando tão bem quanto esperávamos ou melhor", afirma Keller, em entrevista a Roberto Dias, editor de Novas Plataformas da Folha, publicada nesta quarta-feira. Segundo ele, o "mito" de que toda informação deve ser gratuita acabou.
"Jornalismo de serviço público exige muito tempo e investigação. É preciso ter advogados do seu lado. Jornalismo que exige ir a lugares longínquos e perigosos não estará disponível gratuitamente. Jornalismo muito local, aquele tipo realmente importante de jornalismo sobre o que está acontecendo na sua vizinhança, ou na capital do seu Estado, esse tipo de coisa ninguém está fazendo gratuitamente."
Inaugurado em março, o "paywall" do "NYT" envolveu todas as plataformas e abriu um novo caminho para a velha discussão sobre cobrar ou não pelo conteúdo.
O pulo do gato do diário foi montar um sistema flexível, que busca conciliar o modelo de assinaturas, originado do jornal impresso, com a corrida por audiência na web.
Cada internauta pode ler gratuitamente 20 textos do "NYT" por mês. A partir daí, o jornal oferece pacotes para leitores que querem ver o jornal sem restrições --o sistema contempla tablets e celulares. A assinatura começa em US$ 15 mensais (R$ 26).
O modelo, porém, é cheio de "furos" propositais. A home page não é contada entre os 20 cliques gratuitos. Links colocados em redes sociais também não. Em seu último balanço, divulgado no mês passado, o jornal disse ter 324 mil assinantes digitais.
Em setembro, após a implantação do novo modelo, Keller deixou, a pedido, o cargo de editor-executivo do "NYT" e retomou sua função anterior, de colunista do jornal.
Na entrevista, ele afirma ainda que, em cinco anos, o número de assinantes digitais do jornal irá ultrapassar o da versão impressa.
Fonte: Folha de São Paulo

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