A suspeita da ocorrência de estalos nos prédios do condomínio “Rio Mendoza”, que está sendo construído na travessa Angustura, no bairro do Marco, levantou novamente na população o medo de um desabamento. Para maiores esclarecimentos sobre o caso, o DOL conversou com Arquimino Athayde Neto, engenheiro calculista da obra, e com Mauro Rocha, gerente técnico da empresa Marko Engenharia, responsável pela construção dos edifícios.
O condomínio possui duas torres com 35 pavimentos cada, sendo 31 de moradia e 4 de subsolo, e localiza-se entre as avenidas 25 de Setembro e Duque de Caxias. Moradores disseram ter ouvido estalos na obra por volta de 23h do último domingo (29). O gerente técnico Mauro Rocha explica que os fatos concretos apurados pela Marko Engenharia dão conta que uma moradora, vizinha da obra, ouviu um barulho e o classificou como um estalo. Quando os trabalhadores da construção chegaram na manhã de segunda-feira, foram informados do ocorrido pelos vizinhos. Por precaução, os funcionários resolveram deixar o local.
O engenheiro classificou a preocupação das pessoas como um reflexo do momento atual, onde muito se fala sobre desabamentos. “Hoje a gente entende a reação das pessoas devido ao cenário que se instalou. Nós tivemos nos últimos dias uma série de reportagens e manifestações lembrando o acontecimento de um ano atrás, do Real Class, e o desabamento recente dos três prédios no Rio de Janeiro. Nos entendemos a reação das pessoas, diante da declaração de alguém que diz ter ouvido um estalo”, considerou.
O Corpo de Bombeiros informou, no início da tarde de ontem, que não foi encontrada nenhuma irregularidade na estrutura dos prédios do condomínio Rio Mendoza, após uma vistoria preliminar, que durou cerca de 2h. O risco de desabamento foi descartado.
De acordo com o engenheiro calculista da obra, Arquimino Athayde Neto, para apurar qualquer possibilidade de risco à segurança, de imediato a construtora solicitou a verificação dos relatórios emitidos pelo programa computadorizado de cálculos, a qual não permite qualquer alteração manual. Também foi pedida a demonstração dos testes laboratoriais de resistência de todos os materiais usados na obra.
“Os Bombeiros e a Defesa Civil pediram que fosse feita uma inspeção generalizada e minuciosa em toda estrutura, em busca de qualquer fratura que possa ter gerado o suposto estalo. Os relatórios mostraram resultados favoráveis quanto a ação do vento e a estabilidade geral dos prédios”, disse o calculista.
Como medida de prevenção, o isolamento da área foi mantido durante toda a manhã de ontem, mas não houve necessidade de evacuar as casas vizinhas da construção. “As duas torres foram inspecionadas de cima a baixo pelo corpo técnico da construtora, pelo projetista, pela Defesa Civil e pelo Corpo de Bombeiros e nada foi constatado. Não se visualizou nada, tanto que a rua foi liberada logo após o término da vistoria”, destacou o gerente Mauro Rocha.
Ele ainda ressaltou que as análises para constatar a segurança nos prédios continuam. “Nós vamos emitir um laudo reafirmando que não existem problemas de projeto ou de execução, com base nos cálculos e na vistoria minuciosa, que será feita novamente, para tirar qualquer dúvida. Devemos apresentar isto ainda esta semana”.
DENÚNCIAS
Segundo os funcionários que atuam na obra, os estalos já tinham sido percebidos há alguns meses. Eles estariam receosos em retornar ao local de trabalho, pois denunciam com fotos e vídeos feitos através de aparelhos celulares que pilares e vigas dos prédios estariam comprometidos. “Nós não fomos notificados anteriormente, em nenhum momento, de que poderia existir algum problema na obra. Essas suspeitas estão sendo apontadas por pessoas sem o suporte técnico para avaliar reais riscos”, disse Mauro Rocha.
O gerente também procurou tranquilizar os compradores de apartamentos no condomínio “Rio Mendoza”, afirmando que o ocorrido não deve atrasar a entrega do empreendimento, prevista para o segundo semestre de 2012.
(Daniele Brabo/DOL)
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