2 de jan. de 2012

A culpa

Ser pai velho não é fácil.
Fui ter o meu com 36.
Aos 40 tenho uma culpa enorme de deixá-lo sozinho - e sozinho nesse caso significa sem a minha presença.
Pode até ser presunção achar que ele sente falta, mas eu sinto.
Um dia no interior para algum trabalho, e já sinto falta.
Então lá vai o João Paulo onde quer que eu resolva ir.
Tem mais horas de voo nos seus quatro anos do que eu tive em 30.
Mas eu gosto de achar, ou pensar, que ele curte estar comigo por aí.
A culpa de ficar longe a maior parte das horas do dia, e o maior número de dias no mês é, segundo um velho amigo meu, um sentimento masculino típico.
Mas como ele me persegue, o tal sentimento.
Então eu planejo, arrumo, imagino ir por aí sem ele e quando chega perto da data, lá vai o velho coração se sentir culpado e apertado.
Tem coisa para deixar a gente mais culpado que cara de anjo proposital de filho fazendo o tipo abandonado?
Daí sobra para o pequeno escalas, aviões, aeroportos, hotéis, pernadas sem fim por qualquer cidade que eu ande.
Coitado, ninguém mandou não chegar quando eu tinha uns anos a menos.
Agora aguenta moleque.

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