4 de mai. de 2012

Mantega e a poupança


O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse nesta sexta-feira (4) que o crédito "não está crescendo a contento" para estimular o crescimento do país.

"Em 2012, o crédito está se expandindo numa taxa inferior ao desejado para continuar alimentando o crescimento do país", afirmou o ministro durante evento em São Paulo.
A solução, disse o ministro, é baixar os juros cobrados pelos bancos. "É preciso aumentar o crédito e diminuir o custo financeiro. As taxas ainda são incompatíveis com a situação do país, que é mais sólida. Não tem coerência as taxas de 'spread' cobradas na economia brasileira, pagas pelo consumidor e pelo empresário", disse.

Mantega afirmou que o BC "está fazendo a sua parte", reduzindo a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 9% ao ano. "Mas isso não tem traduzido na redução da taxa de juros para o consumidor", afirmou Mantega.

O governo federal vem travando uma queda de braço com o sistema financeiro para reduzir o "spread" bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada ao consumidor. Dentro do "spread" está o lucro dos bancos.

"O 'spread' brasileiro é um dos maiores do mundo, é bem maior do que de outros países, o que não se justifica", disse. "A má notícia é que somos campeões de 'spreads'. A boa é que temos grande margem para reduzi-los."

Mantega afirmou que a velocidade de empréstimos caiu no Brasil, como resultado de uma maior cautela dos bancos ao emprestar. O ministro observou que houve aumento da inadimplência, mas afirma que é um movimento "normal", reflexo da desaceleração da atividade no país.

"Se o crédito não roda, a inadimplência vai aumentar ainda mais. Se o sistema econômico não gira e desacelera parte dele desacelera tudo", disse.

Mantega disse que o governo está fazendo a sua parte. Ontem, o governo anunciou mudança na remuneração da poupança para permitir que os juros básicos possam cair ainda mais.

"Entre as medidas que temos tomado é a que anunciamos ontem. É uma pequena modificação nas regras da poupança. Tínhamos até ontem um obstáculo que é a regra da poupança, que a partir de certo patamar de juros se transforma num piso para que juros continuem caindo", disse.

Com a alteração, segundo o ministro, o caminho está aberto para que os juros continuem em queda. Mantega, entretanto, evitou fazer projeções para as próximas decisões do BC. Afirmou apenas que se o BC achar conveniente, pode baixar os juros.

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