22 de mai. de 2012
Cachoeira vai a CPI
Diante da negativa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, de responder a perguntas de parlamentares, a CPI do Cachoeira encerrou a reunião nesta terça-feira e agora deve remarcar uma nova audiência com o personagem central do escândalo político.
Durante a sessão, o empresário deu as mesmas repostas às perguntas que lhe foram feitas e usou o direito constitucional de ficar calado. O silêncio do empresário chegou a incomodar os parlamentares com a insistência. Cachoeira foi, inclusive, ofendido por alguns, como o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que o chamou de "marginal".
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) sugeriu que os parlamentares deixassem de fazer perguntas para não "entregar o ouro ao bandido", adiantando perguntas que podem ser respondidas por Cachoeira futuramente. A senadora ainda disse que o empresário era uma "múmia" e "chefe de quadrilha", e fazia os membros da CPI de "palhaços" ao ficar calado.
O presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), vai tentar marcar uma nova data para o depoimento, depois que Cachoeira depor à Justiça, que deve acontecer depois do dia 1º de junho.
Ao deixar a sessão, o advogado do empresário, Marcio Thomaz Bastos, afirmou que seu cliente pode auxiliar nas investigações, mas diz ainda acreditar que a Justiça suspenda parte das provas reunidas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que investiga a exploração de jogos ilegais.
"A intenção dele é contribuir, mas é preciso que ele contribua sem que seu direito de defesa seja ferido", disse o advogado.
Porém, o advogado ressalvou que Cachoeira pode guardar silêncio. "Ele pode não falar nunca, se quiser, é um direito que ele tem", disse.
Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, afirmou que o depoimento poderia ocorrer depois que Cachoeira seja julgado no processo oriundo da Monte Carlo, que está na Justiça em Goiânia (GO). "Espero estudar as provas para dar a ele uma orientação segura".
AUDIÊNCIA
Logo no início da sessão da CPI, Cachoeira já avisou que ficaria calado e disse que responderia a perguntas, mas só depois de sua audiência na Justiça. "Ajudaria muito, deputado, mas somente após a minha audiência. Por enquanto ficarei calado como manda a Constituição", afirmou o empresário, logo no início do depoimento. "Tenho muito a dizer depois da minha audiência, pode me convocar".
Segundo ele, os parlamentares forçaram a audiência. "Antes de eu depor no juiz eu não posso falar, não vou falar. Depois disso, vamos ver. Foi o pedido de sempre para reavaliar nossa vinda. Quem forçou foram os senhores."
FIASCO
Para o deputado Silvio Costa, integrante da comissão, a audiência foi "um fiasco". O deputado disse a seus colegas que eles deveriam parar de fazer perguntas.
"Eu fui sempre contra convocar o Cachoeira em primeiro lugar. Eu tenho uma tese, quem detona uma CPI é o chamado baixo clero. Eu advogava que primeiro se chamasse esse povo, e o Cachoeira, depois. Agora o que pode acontecer: como o Cachoeira ficou quieto, todos os outros depoentes vão querer ficar quietos também", disse o deputado à Folha.
Diante das negativas, os parlamentares foram reduzindo as perguntas. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), que preparou 200, fez apenas cinco perguntas.
O depoimento de Cachoeira, inicialmente marcado para o dia 15 de maio, foi adiado após liminar concedida pelo ministro Celso de Mello na semana passada.
O argumento usado pela defesa do empresário foi de que não teve acesso aos documentos do processo a que responde e que a CPI usa para investigá-lo. Ontem, no entanto, Mello decidiu que a liminar não tinha mais validade, já que a comissão permitiu o acesso ao processo.
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