3 de mai. de 2012

O Instituto Acertar é sério


O jornalista e publicitário Chico Cavalcante é membro da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP). Responsável pela pré-campanha de 2010 do PT nacional, que lançou Dilma Rousseff, Cavalcante é diretor de estratégia da Vanguarda Inteligência Política e diretor de criação da V2/Vanguarda, esta empresa dedicada exclusivamente ao marketing de varejo. Ele fala aqui sobre a polêmica em torno das pesquisas eleitorais e, especificamente, da pesquisa publicado neste blog indica segundo turno entre Edmilson e Priante.




Bacana - Você tem acompanhado as pesquisas publicadas sobre as eleições municipais em Belém?




Chico Cavalcante - Sim, tenho acompanhado pela imprensa e na internet os números que vêm sendo publicados, inclusive no seu blog.




Bacana - Qual seu parecer sobre essas pesquisas?




Chico Cavalcante - Toda pesquisa é um retrado de uma realidade dinâmica. Neste momento as pesquisas têm como objetivo medir a avaliação e expectativas da população de Belém em relação à administração atual, investigar a imagem dos potenciais puxadores de voto na capital, além de medir o potencial de voto de possíveis candidatos a prefeito do município.




Bacana - Como você avalia os números dessas pesquisas? Aqui no Blog publicamos uma pesquisa que mostra um potencial segundo turno entre Edmilson, suposto candidato do PSOL, e Priante, candidato lançado pelo PMDB. Você acha que essa é a tendência real?




Chico Cavalcante – Marcelo, é um erro metodológico grave “tomar a árvore pela floresta”, como dizia Engels. Os números de uma pesquisa podem nos ajudar a inferir tendências, mas não significa que essas tendências se confirmarão na hora H porque a campanha em si muda os elementos, atribui valores, acende polêmicas, enfim, altera o cenário da pré-campanha. Edmilson é, evidentemente, pelo recall de sua administração, o candidato com maior potencial eleitoral dentre os competidores que se expuseram até o momento e Priante, que está em segundo, tem a seu favor o recall da última eleição, quando foi para o segundo turno contra Duciomar Costa. Mas temos que considerar que essa realidade é dinâmica. Os candidatos embalados pela máquina pública, municipal e estadual, respectivamente Almir Gabriel e Zenaldo, podem surpreender porque a máquina sempre é um indutor de votos poderoso. Mesmo candidatos com potenciais eleitorais menores agora, como Alfredo Costa, do PT, e Arnaldo Jordy, do PPS, podem crescer se ajustarem seu discurso e mobilizarem bases sociais focais que sirvam de alavanca eleitoral, de difusores de voto. A regra que poucos aprendem é que eleição se ganha e se perde na eleição.




Bacana – Mas Chico, se não for para saber quem vai ganhar, com quem será o segundo turno, para que serve uma pesquisa eleitoral nesse momento?




Chico Cavalcante - Para gerar diagnósticos, definir potencialidades e desenhar estratégias. Quando se faz uma pesquisa, os números em si tem o papel de retratar o momento em que a pesquisa foi feita. A leitura da pesquisa a partir apenas dos números, sem os devidos cruzamentos, sem uma avaliação rigorosa dos cenários, pode induzir ao erro. O que a pesquisa que você publicou, assinada pelo Instituto Acertar, diz é que Edmilson está na dianteira seguido por Priante, em um cenário dinâmico, que pode ter mudanças e variáveis que não podem ser presumidas de maneira cabal nesse momento, em que nem temos ainda a definição final do número real de candidatos.




Bacana - Mas você questiona os números dessa pesquisa?




Chico Cavalcante - Em absoluto. Não cabe questionar pesquisas, mas lê-las com atenção. Não tenho base para questionar os números publicados por você de uma pesquisa que foi, até onde sei, registrada no TRE e, portanto, tem fé publica. O método informado para a seleção dos domicílios foi o arrolamento nos quarteirões dos bairros e localidades selecionados na amostra com saltos sistemáticos, o que é correto. A margem de erro para os resultados da pesquisa é de 4,0% para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%, o que também está de acordo com o aceitável para os 630 indivíduos pesquisados.




Bacana - Um crítico da pesquisa aqui publicada chegou a questionar a seriedade do instituto que realizou o trabalho. Você conhece o instituto Acertar? O que tem a dizer a respeito dele?




Chico Cavalcante - O Instituto Acertar é sério. Tão sério quanto seu titular, o sociólogo Américo Canto, que vive da realização de pesquisa de opinião desde a década de 1980 e não colocaria seu nome em risco para gerar um resultado duvidoso, de aluguel. Já trabalhei com Américo em diferentes momentos e não tenho porque considerar como errôneo seu método de coleta, de tabulação e análise dos dados. Veja, dos possíveis pré-candidatos a prefeito de Belém, a pesquisa Acertar destaca Edmilson Rodrigues com 38,1% da preferência espontânea dos eleitores, contra 16,1% de Priante – diferença de 22,0%. Seguidos de Almir Gabriel com intenção de voto de 12,4%, Arnaldo Jordy 11,1%, Zenaldo 8,3% e de Alfredo Costa com 3,8%. Os votos brancos e nulos somariam 5,9% e 4,3% encontram-se indecisos. São números que batem, com variações pequenas, com os levantamentos que nós mesmos temos feito.

Nenhum comentário: